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30 de jul. de 2013

Crônica: Histórias Extraordinárias - Livros que nos encontram


 Às vezes alguns livros e autores nos pegam de jeito. Nos fazem ficar apaixonados por suas histórias e querer ler todas as suas obras.

É realmente tão fantástico quando isso acontece.

Mas não sei com você, leitor, mas comigo está cada vez mais raro. Alguns livros parecem feitos para nos distanciar de outras obras. Oh, pode ser a chamada “provação”! Somos testados uma vez ou outra com livros ruins, mal escritos e com revisões péssimas, para que nosso instinto leitor nos leve a encontrar títulos que nos façam viajar mais e mais...

Em momentos como esses é que recorro a duas velhas táticas: escolher autores que gosto, assim não ficarei decepcionada. Ou então, deixo que um livro me escolha...

E como é incrível descobrir obras e autores! Simplesmente amo passar pelas estantes de livrarias, bibliotecas e sebos e olhar lombadas, até que uma pula e diz leia-me.

Já aconteceu algumas vezes comigo. Como minha paixão são os livros juvenis, esses são os que mais saltitam para meu colo.

Certa vez estava na Biblioteca Pública do Paraná (BPP) – que lugar fantástico! – e um título saltou aos meus olhos, era Discworld - A Cor da Magia, de Terry Patchett, até então não conhecia a série – gigante por sinal –, levei para casa e me encantei com a criatividade, humor e tudo o mais do autor.

Outra vez estava em uma ponta de estoque e o livro O Estranho Destino de Poison, de Chris Wooding, me chamou. Ignorei uma ou duas vezes, mas na terceira ida não tive como dizer que não. Levei comigo e... AMEI! Simplesmente amei a história, tão bem escrita, que prende e encanta.

Um dos mais fantásticos chamados se deu numa livraria. Um pequeno título olhava para mim e pedia colo, eu aceitei e o levei para casa. Mais um filho, mais um irmão em minha biblioteca. O Menino Alquimista, de Juarez Nogueira – um autor de Divinópolis, que não gosta muito de redes sociais –, foi uma leitura extremamente agradável. Uma história repleta de simbolismos e crítica ao mundo. Pois, através da resenha deste livro, o autor entrou em contato e já o conheci pessoalmente e li outras de suas obras, como o infantil Quando Falar é Fazer.

Então, quando estou sem rumo sobre o que ler, gosto mais de adotar essa ideia e os livros que meu encontram geralmente são mágicos, afinal eles sabem que são exatamente aqueles que desejo ler. E essa magia me acompanha para sempre na eterna busca e encontro por mais livros fantásticos.

9 de jul. de 2013

Crônica: A mulher de trinta anos

Virei uma balzaquiana...

Não li o livro. Não sei quando o farei. Não tenho muita paciência para esse senhor. Mas adoro os clássicos.

Ainda sou uma menina com pantufas de bichinho, que gosta de ler livros infantis e juvenis. Que ama colecioná-los.

Ainda sou aquela que adora dormir, sonhar, adora pelúcias e rir com meu amor.

Ainda sou menina. Não me sinto diferente. Nada passou pelos meus olhos como quem pensa “nossa quanta cousa aconteceu”. Simplesmente dormi e acordei mais velha.

Meu irmão riu e eu disse que as dores nas costas estranhamente começaram naquela manhã. Mas não foi bem assim. Elas já são minhas há tempos. Não gosto delas e grito para quem quiser levá-las. Quem quer ter dores nas costas? Ou melhor, quem quer ter dores em quaisquer lugares? Eu não. Então, como ninguém quer minhas dores nas costas e elas precisam de costas, ficarei com essas danadas até que um remédio santo apareça e desapareça com elas.

Mas ainda não sei o que isso muda. Me sinto como antes, com 29.   

27 de mai. de 2013

Crônica: Como me tornei estúpida

Um dia eu abri meu primeiro livro. Um livro que me levou a querer ler mais e mais. Talvez aí esteja o problema. Ou a solução. Ainda não sei.

Uma vez li uma obra chamada Como me tornei estúpido, Martin Page (Editora Rocco, 158 páginas), fala do cara que, depois de ler muito, percebe que sua visão foi ampliada. Um mundo ampliado pode significar muita coisa, principalmente tristeza. E ele não quer mais isso, tenta ser alguém “normal”.

Era estranho ler o livro, pois eu pensava aquilo há algum tempo. Às vezes ser limitado, ter uma visão voltada mais para o nosso mundo pequeno, é tão mais confortável e aceitável pelos demais. Viver uma vida de comodismos, sem se importar com o futuro horrível que quem lê percebe pode ser tão gratificante. Mais feliz.

Há uma frase bíblica – você pode ou não acreditar na Bíblia, mas deve ver seu valor histórico – que diz “quanto mais conhecimento, mais sofrimento, porque quem acumula ciência acumula a dor”, Eclesiastes 1,18. Essa mesma frase, escrita há tantos anos, estava naquele livro de Page, essas pesadas palavras que há muito me acompanham. E eu pensei: li um livro porque eu não deveria ler.

Vejo o mundo de outra forma, talvez muitos leitores concordem comigo. Antes tudo era belo. Hoje quase tudo é triste e feio. Sou uma ambiguidade. Sou realista e sonhadora. Não sei se resignada.

Eu sorrio, mas a cada momento me torno mais triste por dentro. As pessoas à minha volta me fazem permanecer nesse mundo. Talvez eu já tivesse definhado se não fosse por elas. Penso que nos agarramos para nos manter aqui, mesmo tristes.

Não culpo quem só se importa em comprar roupas, bolsas, e afins. Quanto mais sua visão periférica se expande, maior a tristeza acumulada. Ser “estúpido” pode ser uma benção. Quem será o verdadeiro estúpido?

Entretanto, tudo é tão complexo. Ler é mágico, nos leva para outros lugares, nos tira dessa maldade extrema que o mundo está se tornando, e quase sempre percebemos isso porque lemos... É um ciclo sem fim e sem volta.

Mas eu abri um livro. E isso fez com que minha curiosidade sem tamanho exigisse mais e mais. Li muitos e hoje não vivo sem.

Não leio somente por prazer, leio pela fuga desse mundo.

Celly Borges

19 de mar. de 2013

Crônica: Literatura Nacional e os Leitores


Outro dia li a opinião em um blog, falando sobre literatura, perguntava se as pessoas liam livros brasileiros.

E penso como é interessante ver que há qualidade na literatura nacional. Uso de ironia nessa parte, pois leio vários blogs e seus comentários, muitos dizem não conhecer, ou não acreditar que existam no país autores e livros interessantes. Confessam que as histórias de fora é que encantam, isso quando conhecem as daqui.

– Não conheço autores nacionais – dizia uma leitora do tal blog. Não dá vontade de ser um amor e mandar alguns links do próprio blog comentado?

Isso me faz pensar que as pessoas não leem os posts, e comentam assim mesmo. Pois cada vez mais vejo blogueiros divulgando a literatura brasileira, principalmente a contemporânea. E como a pessoa diz que não conhece?

Lembro que no início do Mundo de Fantas os leitores se encantavam em saber que temos autores como André Vianco, mas hoje, não é quase segredo – não era também na época, mas a literatura fantástica era/é algo internacional, na visão de muitos. Autores nacionais apenas Machado de Assis, Jorge Amado... não os desmerecendo, jamais, porém, é sabido que a maioria dos jovens tem medo de se aventurar na leitura de um clássico internacional, imagina nacional, quando o produto interno é quase sempre desvalorizado? Eu mesma fui influenciada de forma ruim.

– Machado de Assis é antigo, linguagem e histórias chatas – diziam professores, colegas, tios e primos. Para eles, Machado de Assis é complicado, de leitura enfadonha. Mas eu, em minha vontade de entender o motivo de tudo isso, li e me arrependi de não ter feito antes.

Foi Esaú e Jacó que me abriu os olhos para a maravilha nacional. A riqueza de histórias, que, para quem não sabe, são extremamente valorizadas lá fora. Jorge Amado é leitura recomendada em escolas portuguesas, por exemplo.

Como disse, cresci ouvindo pessoas que detestavam a literatura brasileira, muitas vezes sem ler – sim, poucos da minha família leem ainda hoje, tive sorte de crescer na parte leitora.

– Você tem o livro A Escrava Isaura? – perguntou minha prima. Eu, toda feliz por seu interesse, logo peguei o livro e entreguei. Ela abriu nas últimas páginas, me devolveu e disse: – Então é assim que termina a novela.

Outro dia, conversando com outra pessoa da família, ela me solta um “concerteza”, é de se acabar a amizade, mas respirei fundo e disse que precisava trabalhar.

Mas posso ter sorte. Desde pequena tive livros nas mãos, não me interessava por muitos de literatura, mas sobre o folclore, por exemplo.

Meus pais nunca diziam: – Larga esse livro, menina, vai estragar! – sempre incentivaram a mim e a meu irmão a ler. Em casa cada um tinha sua estante. Meu pai prefere os livros técnicos e sobre a história da religião. Minha mãe tem seus livros de religião, também. Meu irmão tem sua parte de História, clássicos, policiais... e por aí vai. Eu adoro romances juvenis, clássicos, policiais, terror, de todas as nacionalidades.

Hoje, a cada dia, descubro mais autores nacionais, contemporâneos, clássicos, livros que encantam e me fazem ver e ter a certeza de que o Brasil dos livros infelizmente ainda não foi descoberto pelos jovens. Mas tenhamos esperanças.

Celly Borges

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