12 de fev. de 2011

Clube do Livro: Resenha: A História Sem Fim – Michael Ende

Não posso começar de outra forma: A História Sem Fim (1979) é um dos meus livros favoritos. O melhor livro infanto-juvenil que já li. Michael Ende é um dos meus autores favoritos. Simplesmente porque é incrível. Sabe quando falo sobre um autor não diminuir seu leitor por sua obra ser destinada principalmente ao público infantil e juvenil? Michael Ende não o faz, ao contrário, instiga seu leitor; cria novos mundos e nos faz viajar e querer ler mais e mais de suas histórias fascinantes, ricas.


Para entender a ideia de A História Sem Fim é preciso entender o livro em si:

  • É dividido em duas cores: vermelha e verde. A primeira para quando Bastian Baltasar Bux está em seu mundo comum e sem graça e a segunda para quando ele está no mundo de Fantasia, lendo o livro e, assim, participando de sua criação, afinal uma história só existe para o leitor se for lida.
  • Há 26 capítulos e, podemos chamar, uma “introdução”, quando Bastian encontra o Sr. Karl Konrad Koreander, o menino fugia de outros que queriam bater nele, e, para se esconder, tanto deles quanto da chuva, entra na loja “Alfarrabista” – note que a primeira página é em verde, a seguinte passa a ser em vermelho. Bem, e por que exatamente 26 capítulos? Simples, um para cada letra do alfabeto, isso mesmo, cada um inicia com uma grande letra – separada em uma página – que dá continuidade ao parágrafo, essa letra vem acompanhada por desenhos dos personagens que aparecerão naquele capítulo.

“As paixões humanas são misteriosas, e as das crianças não o são menos que a dos adultos. As pessoas que as experimentam não as sabem explicar, e as que nunca viveram não as podem compreender.
A paixão de Bastian Baltasar Bux eram os livros”

Bem, já conhecemos Bastian, continuemos, então. O menino se vê encantado pelo livro que o Sr. Koreander está lendo, e assim, logo que o homem sai, ele rouba o livro. Agora era um ladrão. Não poderia voltar para casa. Ninguém notaria sua falta, mesmo. Bastian se esconde no sótão da escola, não teria mais a obrigação de frequentar as aulas, afinal era um fugitivo.

O livro que Bastian tem, começa com a ida de alguns seres, mensageiros, para a Torre de Marfim, eles precisam contar à Imperatriz Criança que algo estranho está acontecendo: O Nada está invadindo algumas partes de Fantasia! Mas quando chegam, percebem, pelo número de mensageiros, que Fantasia está tomada pelo Nada. Seres caem, ou mesmo se jogam, pois aquele grande Nada as atrai, alguns até mesmo colocam apenas uma parte do corpo e esta some.

“É como se uma pessoa ficasse cega, quando olhasse para esse lugar, não é?”

A Imperatriz Criança, que está definhando, manda o pequeno Atreiú para que ajude na grande busca do que pode salvar tudo e todos... mas, o que ele precisa encontrar? Ao menos carrega no pescoço o “Brilho”, o símbolo da Imperatriz ­– para quem não o conhece, AURIN -, “um amuleto de ouro, representando duas serpentes, uma clara e outra escura, que mordiam a cauda uma da outra, formando uma figura oval” e, assim como você, leitor, deve ter feito agora, Bastian também o fez, analisou a capa do livro que tinha nas mãos.

Durante a jornada de Atreiú, que sofre altos e baixos, perde seu grande amigo no Pântano da Tristeza, o cavalinho Artax, uma das cenas mais tristes. Muitas aventuras serão intensamente vividas. Atreiú, Bastian e para quem mais acompanha a história, Fuchur, o Dragão Branco da Sorte, chega para ajudar a enfrentar todos os perigos e levar os leitores pelos céus de Fantasia.

Em alguns pontos – quando Bastian para de acompanhar a história para comer, ir ao banheiro (muito importante!), ou fazer algum comentário – as cores de sua vida tornam-se vermelhas.

A História Sem Fim é, sem dúvida, a história perfeita, escrita pelo Mestre Michael Ende (1929-1995), um livro impossível de ser largado, impossível de ser lido apenas uma vez. Então, viaje por esta história fantástica!

*****
Editora: Martins Fontes
Tradução de Maria do Carmo Cary
ISBN: 8533613156
Ano: 2001
Páginas: 392
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Algumas curiosidades:
* Stratovarius tem uma música chamada “Fantasia” inspirada no filme [escute-a];
* Neste mesmo filme o nome do Dragão Branco da Sorte, Fuchur, muda para Falkor;
* Os filmes não contam nem 10% da magia da história;
* O nome Mundo de Fantas foi inspirado neste livro.

“Mas essa é uma outra história e terá de ser contada em outra ocasião”.

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Mais um livro escolhido para Resenha do Clube do Livro, ideia proposta pelo Junior Cazeri do blog Café de Ontem, e além deste e do Mundo de Fantas, também participa o blog À LitFan.
Sendo assim, leia as outras opiniões sobre este mesmo livro.

20 comentários:

  1. Esta é de longe uma de minhas histórias favoritas. Ainda não tive o prazer de ler o livro, mas a produção cinematográfica sempre me encantou *.*

    A ideia e os cenários são épicos. Não encontro outra palavra, épicos.

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  2. Esse eu li e gostei muito também. Mas tem um ouro do Ende, que tá por aqui, que tb é muito louco. Vou ali dar uma olhada e depois te digo qual é.

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  3. Com certeza, passou a ser uma das minhas favoritas, adorei a sua resenha mocinha, principalmente ao destacar até os aspectos visuais que ajudam a contar a história.

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  4. Puxa vida, esqueci mesmo de comentar a cena com o cavalo Artax, sem dúvida uma das mais marcantes do livro. Deu pra entender pq é seu livro favorito, e agradeço por nos ter apresentado, Celly.

    Beijus

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  5. "Pois a eternidade é este momento".

    É um dos meus livros prediletos até hoje. É sobre amar um livro, impregnar-se em sua história e principalmente refletir sobre si mesmo e sobre seu papel no mundo. A segunda parte do livro, quando reconstroem Fantasia, é bem sobre isso tb. O final também é de arrepiar, é um livro inteiro de não saber o que comentar.

    ***

    O filme é um dos meus preferidos até hoje. Só que a leitura do filme é BEM diferente da do livro - o filme se foca muito mais no ode à leitura, ao prazer de ler, ao mundo mágico - e perigoso - que um livro te dá. Amo demais tb.

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  6. O outro livro do Qual falei do Ende é o Espelho no Espelho. Um livro doido, doido...

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  7. Você me deixou com vontade de ler o livro =)

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  8. Claudio, Tenho Espelho no espelho, disseram que é a minha cara... rsrs mas ainda não li... :p

    Marcelo, LEIA! Humpf Não tenho, senão te emprestava rrsrs

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  9. Ah consegui!
    Eu AINDA não li o livro, mas devo ter visto o filme umas 20 vezes (sem brincadeira) e todas aos 11 ou 12, pois o colégio nos levou para ver até a exaustão. Tive redação na aula de português, debates, estudos, quase tudo que era possível.
    Mas lembro que o que mais me chamou a atenção foi a questão do Nada. O não existir absoluto. Aquilo me assustava. Fiquei encantada com a frase que você colocou sobre a cegueira, pois talvez, isso fosse parte do que me assustava. O Nada era o olhar e não ver.
    Contudo, eu tinha uma outra ideia na época e que ficou me acompanhando. Lembro que nos anos 80 havia uma espécie de discurso apocalíptico sobre o fim da imaginação infantil. Diziam que no futuro, as crianças não saberiam mais brincar de faz de contas, não criariam mundos diferentes, perderiam a fé na magia. Coisas que, se dizia na época, eram as principais características da infância. Eu me achava uma criança super imaginativa e lembro de me apavorar com a previsão. Tinha mil planos para estimular a imaginação dos meus futuros filhos.
    Não estou dizendo que Ende pertencia a esse grupo. Pelo contrário. Sua fábula é para contrariar os anunciadores e propaladores do Nada. Ende afirma de forma linda e eloquente que Nada pode matar a imaginação infantil, que ela não tem e nunca terá fim.

    Talvez, por causa dessa ideia, eu fique tão feliz hoje em ver o que vejo na net, com tantos blogs literários e tantos novos leitores a cada dia. Isso é ainda mais forte agora que tenho um filho e não preciso me preocupar que o Nada venha ameaçar a imaginação dele.

    Falei tudo isso e peço desculpas apenas para dizer que adorei a resenha.
    Beijos Celly

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    1. É isso aí, Nika, o Nada não pode consumir a imaginação de ninguém! Ler é uma das melhores coisas da vida! E você precisa ler A História Sem Fim, logo! rsrsrs

      Beijos e continue escrevendo quanto quiser ^.^

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  10. Ah... quero ler!! Quando eu era criança assistia esse filme toda hora, pois o tinha em fita cassete. Era esse e Labirinto A Magia do Tempo, deve tÊ-los visto centenas de vezes, sem exagero e o que eu mais gostava era o cão-dragão.

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    1. Nossa, era muito bom! Tenho o DVD dos dois filmes de A História Sem Fim... assisto às vezes, gosto muito de relembrar a infância que ainda vive em mim. =)

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  11. O mais legal do livro A História Sem Fim é que expande E MUITO o que é mostrado no filme. Basicamente, o filme acaba na metade do livro, e a metade seguinte é muito mais psicológica, com Bastian indo parar em Fantasia e... Isso vira um problemão! É como se fossem 2 livros num só!
    Uma vez me perguntaram qual livro eu gostaria de ter escrito. E eu respondi que seria A História Sem Fim.
    Se vc só viu o filme, leia o livro. É MUITO MELHOR!!!

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    1. Realmente, o livro é superior. Absurdamente superior aos filmes. É meu livro favorito, sem dúvida! Amo muito. Michael Ende é meu autor favorito =)

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  12. Estou relendo o livro pela décima vez. É uma história incrível, e o filme realmente não conta nem 10%. Rs.

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    1. Reli algumas vezes, e quero mais. Cada vez encontro detalhes que deixei passar na leitura anterior =)

      ^_^

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  13. Esse livro é uma obra prima. Principalmente como ele desenvolve a simbologia e se utiliza da figura do Herói.
    Para quem já leu Campbell, sobre a saga do herói, verá a genialidade da obra deste autor.
    Um dos melhores livros em minha vida.

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  14. ja li o livro4 vezes e todas as vezes me surpreendo incrível como meche com agente essa historia, esse livro tem que passar por gerações pra que a geração futura possa participar dessas emoções que sentimos ao ler esse clássico.

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  15. Este livro marcou minha vida, ajudando-me a me conhecer melhor, num momento em que eu ingressava na vida adulta.

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