Olá, leitor, hoje trago uma resenha diferente... Não sei até
onde isso é bom.
Mas como nos faltam Josés Mindlins!
Mas como nos faltam Josés Mindlins!
No mundo dos livros
é um pequeno e belo livro. Começo falando sobre seu tamanho, pois muitos
confundem números de páginas com qualidade. Parece que essas pessoas querem um
paginômetro bem gordo e não grande conhecimento.
Ler livros que falem de livros é uma das minhas paixões.
Adoro citações, dicas, obras que me instiguem a conhecer outras. Esse mundo dos
livros é tão fantástico e ao mesmo tempo tão terrível, que fazer parte dele
pode ter suas vantagens e desvantagens.
Explico. Se você é um leitor, provavelmente chegará alguém e
dirá que algum livro que você gosta é ruim. Quando o leitor gosta de um livro popular,
ou de linguagem mais simples, há quem se ache superior e olhe torto para o
outro. Eu, por exemplo, adoro livros juvenis, e sim, há quem despreze
esses livros E seus leitores – não que
esteja interessada nessas pessoas, depois de um tempo aprendemos a selecionar
bem quem escutamos e quem só olhamos enquanto fala. E, para mim, nada melhor
do que viajar por mundos fantásticos e páginas onde tudo é possível. Mas tenha em mente que algumas vezes é uma terrível guerra de egos e conhecimentos não divididos,
mas jogados quando se precisa diminuir o próximo. Como acontece às vezes no mundo da literatura fantástica nacional - um lugar que conheço relativamente bem.
Porém, se você conseguir ignorar essas pessoas sem
conhecimento suficiente para ficarem caladas, você poderá viver bem e feliz,
pois há pessoas tão incríveis, aquelas que sabem conversar sobre livros e
outros assuntos. Aquelas que desejam dividir o conhecimento e adquirir mais. Há
leitores e autores incríveis e esses devem ser destacados, afinal.
“O amor aos livros aproxima as pessoas e forma sólidas amizades, o que não impede, no entanto, rivalidades também sólidas, mas amistosas, quando dois bibliófilos se deparam com obras de interesse comum”
No mundo dos livros (Editora
Agir, 104 páginas) é uma obra delicada, de rápida leitura e encantadora. Mas se
encaixa tanto no clima pesado, de desabafo mesmo, que essa resenha traz.
Então, voltando a José Mindlin – um grande colecionador de
livros raros, com tanto conhecimento e não quer guardar para si, mas passar
adiante –, seu livro é de escrita tão simples e ao mesmo tempo tão rica, para
que todos possam usufruir. Inclusive ele cita sempre os novos leitores, para
que façam parte do meio, não os exclui. Uma pessoa com tanto conhecimento e que
deseja que as outras também o tenham é fantástico! E Mindlin não precisa usar
palavras difíceis para mostrar que as conhece. Ele simplesmente escreve para
ser lido.
Me identifiquei com
várias partes, como quando ele fala dos novos leitores, que começam com o livro
simples e depois descobrem grandes obras. Sempre incentivo as pessoas a lerem,
não importa o livro, contanto que leiam. Meu gosto é diferente do seu, não é?
Isso é muito bom para o crescimento de todos, então vamos conversar?
Infelizmente Mindlin nos deixou em 2010. Seu acervo contava
com mais de 40 mil obras, e era considerado a maior biblioteca particular do
Brasil. Há ali muita Literatura Brasileira, livros autografados por grandes autores. Um leitor que valorizava a literatura nacional. Esses livros foram doados para a USP, que construiu um prédio para abrigá-los, com o nome de Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin. Guita, sua esposa, é bastante citada no livro.
Ele fala com amor aos livros. Conta como foi a formação de
sua biblioteca, a garimpagem nos sebos – tarefa que adoro! Como comprava mais
livros do que podia ler... nossa, estou me vendo nisso.
“Digo sempre que, quando acontece de a gente encontra uma obra que há muito tempo se procura, o coração bate mais forte, e o prazer de encontrá-la, ou de descobrir obras que despertam de imediato interesse, pode ser, creio eu, até maior do que o de ter o livro na biblioteca”
O nome no Mundo de Fantas no Mundo dos Livros não foi retirado desse livro, mas adoraria que tivesse sido assim.
Mindlin conversa com o leitor, a todo momento faz perguntas e
uma dela é como a sua biblioteca teve início. A minha começou com livros
comprados em livrarias, pagando o preço de capa, depois descobri os sebos e as
livrarias virtuais. Lembro que um dos primeiros títulos comprados foi Drácula,
de Bram Stocker. Depois disso não parei mais e hoje tenho uma biblioteca bem
gostosa, repleta de amigos que conversam.
“Quem se inserir na fauna de leitores que dispõem de bibliotecas está se preparando para viver cercado de novos amigos, pois o livro é um dos melhores amigos imagináveis”
E a sua biblioteca, como começou?
Serviço
Editora: Agir
ISBN: 9788522007851
Ano: 2009
Páginas: 104
ISBN: 9788522007851
Ano: 2009
Páginas: 104
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Parece um livro bem interessante, muito boa sua resenha, certamente lerei esse livro quando puder.
ResponderExcluirTambém concordo que devemos respeitar os gostos literários dos outro; o importante é que a pessoa está lendo e não o que ela está lendo, depois de terminar aquele livro, as chances de ela querer ler outro são grandes e assim ela poderá ser mais uma leitora. (Uma coisa que acho horrível é quando uma pessoa critica um livro que alguém está lendo, sendo que ela mesma não leu aquele livro.)
Acho que por causa da biblioteca onde estudei, que tinha vários tipos de livros, me interessei por tudo: clássicos, novos, conhecidos e desconhecidos; e isso me faz muito bem!
É isso aí, Mari, melhor incentivar do que tirar a pessoa do mundo dos livros! =)
ExcluirTambém penso que é terrível quando a pessoa critica um livro pela sinopse, pela capa. E o melhor é ler de tudo, passear pelas histórias e ser feliz =)