
Gregor Samsa é um jovem que precisa trabalhar como caixeiro viajante a fim de pagar a dívida dos pais com o gerente que o emprega. Os pais não têm mais condições de trabalhar, então o filho assume esse débito. O rapaz, deitado em sua cama, já no primeiro momento transformado num inseto, faz as contas de quantos anos ainda precisa trabalhar para saldar a dívida. É uma parte muito triste ver uma pessoa presa a um emprego que não faz bem. E ao mesmo tempo é tão comum que não percebemos, ainda assim dá um aperto no coração, talvez a sensação seja pela forma como é descrita, como tudo caminha no texto. Mais tarde ele descobre que sua família guarda dinheiro que bem poderia ter sido usado para quitar aquela antiga dívida e o libertar de tanto sofrimento para escolher uma profissão que não exija tanto, e que o agrade, é revoltante. Gregor logo tira esse pensamento de sua cabeça. Percebe-se que ele é uma boa pessoa, somente isso, então podem se aproveitar dessa bondade de quem não sabe dizer “não”, ou às vezes nem pode.
Outra parte que sempre que leio me assombra é a visão do
pai jogando maçãs em Gregor. Kafka passa a repugnância sem palavras que o Sr.
Samsa sente ao ver o filho transformado. Uma das frutas fica presa em suas costas e o
acompanha durante a história, o fere mais do que a ferida física – feriu também
a mim, leitora – apodrece...

A irmã acaba, sem que seja solicitado, cuidando daquela criatura. E quando não suporta mais tenta persuadir a família, que na realidade já pensava em se livrar dele há muito.
Uma grande metáfora sobre mudança e as pessoas à volta terem dificuldade em aceitar o diferente do que a sociedade está acostumada, ou quando essas mesmas pessoas manipulam alguém para que consiga manter o conforto sem esforço.
Li a primeira vez a edição de bolso da L&PM Pocket (144 páginas) seguido de O Veredicto, e dessa vez a edição da Abril Coleções (93 páginas), as duas são muito boas, mas o interessante da primeira são as notas de rodapé. Leia um trecho da versão da editora L&PM Pocket.
O descaso com que o pai trata Gregor pode ser uma influência do pai do próprio autor, que o tratava muito mal. Kafka escreveu em 1919 o livro Carta ao Pai, publicado postumamente, em que fala sobre o que sentia em relação a ele.
"Eu era para ele um nada dessa espécie".
Franz Kafka escreveu também O Processo (1925) e O Castelo (1926), entre outras obras.
Sem dúvida A Metamorfose é um livro sensacional, que deve ser lido e relido.
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Capa da primeira edição, 1916 |
Editora: Abril Coleções
ISBN: 9788579710216
Ano: 2010
Páginas: 93
Tradutor: Lourival Holt Albuquerque
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Editora: L&PM
ISBN: 8525410469
Ano: 2001
Páginas: 144
Tradutor: Marcelo Backes
Skoob | Leia um trecho
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Olá Celly,
ResponderExcluirEsse é um clássico que ainda pretendo ler - a lista só aumenta! De fato, acho que no imaginário coletivo o personagem se transforma mesmo em uma barata. Lembrei agora da letra da música de Inimigos do Rei. Lembra?
Bjs.
Claro, lembro sim, vou até deixar o link para quem quiser ler e ouvir =D
Excluirhttp://letras.mus.br/inimigos-do-rei-musicas/76484/
bjos
Esse livro é incrível! É verdade que o autor não diz que o inseto é uma barata, mas com aquela descrição... difícil pensar em outra coisa. A versão em quadrinhos também é ótima! Já viu? Recomendo ;)
ResponderExcluirAh... outra música inspirada no metamorfose: http://letras.mus.br/moveis-coloniais-de-acaju/407434/
bjo
É verdade, e aquela descrição é terrível! rsrsrs Não vi a versão em quadrinhos, não, vou procurar =)
Excluirbjos
Li o Castelo e o Processo. A resenha ficou muito boa. O livro deve ser ótimo.
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