Rossana, 13 anos,
tem tudo para ser uma menina feliz: pais ricos, três irmãos que a amam e uma
beleza fora do comum. Contudo, Rossana não quer ser bonita. A beleza atrai
coisas que não deseja a ninguém. A mãe, frustrada por uma carreira de pouco
sucesso, coloca na filha todas as suas ambições e desejos.
Procura na figura
do pai, um aliado, mas acaba encontrando sofrimento, a menina ingênua se
vê transformada em mulher... a mulher daquele
que deveria protegê-la.
Sofre uma infância terrível. Submetida aos abusos físicos do pai e às exigências quase sobre-humanas da mãe, conhece, demasiado cedo, mundos que nem os adultos têm capacidade para enfrentar: o sexo sem amor, as drogas, a falta de proteção...
O mundo da moda
lhe fora imposto a duras penas e tudo que ela quer é ser criança.
Conheça a história intensa, cruel, real... de Distúrbio.
Apesar de ser um tema pesado, me encantei com a Rossana de Distúrbio, a história muito bem escrita pela talentosa Valentina Silva
Ferreira, com uma linguagem bela, como é comum aos portugueses, apresenta ao
leitor nada além da realidade que muitas
crianças passam por conivência dos pais, parentes, amigos, em todo o mundo. A
leitura por vezes mostra a inocência, outras o abuso, o crescimento rápido, a
falta de carinho, de atenção. Rossana, a protagonista que sofre maus tratos
psicológicos e físicos, inicialmente não percebe que ao ser induzida a tornar-se
a mulher do pai comete algo errado, mas ela é uma criança, não entende do mundo
adulto, o qual é obrigada a assumir. Aquele que deveria ensiná-la a destrói aos
poucos, a rapariguinha, como se diz em Portugal, é humilhada, maltratada, e sua
infância é roubada por aqueles que a colocaram no mundo, aqueles a quem chama
de pais.
*****
Editora: Estronho
ISBN:
Ano: 2011
Páginas: 180
Entrevista
Mundo de Fantas: Como foi
escrever Distúrbio, conte-nos o processo.
Valentina Silva Ferreira: Escrever
Distúrbio, aos dezenove anos, foi a
minha maior aventura. Em primeiro lugar, porque eu só escrevia contos; segundo,
porque sabia que o tema traria dúvidas por parte de outras pessoas; e terceiro:
eu não fazia ideia de que escrever um romance implicaria uma mudança tão grande
em mim. Passo a explicar. Na faculdade, qualquer um ocupa as suas 24h com coisas
normais da idade. Nos cinco meses em que me dediquei ao livro, eu estudava, mas
queria escrever; eu não estava com os amigos, nem ia a festas ou ao cinema. Resumindo,
eu não tinha tempo livre. Eu escrevia. Ouvia, muitas vezes, quem me dissesse
que, depois daquele, eu não escreveria mais porque era um compromisso demasiado
grande, porque roubava muito de mim, porque eu deixava tanta coisa de lado para
poder concentrar-me exclusivamente a ele. Enganaram-se. Foi com Distúrbio que eu percebi que escrever é
o que me faz completamente feliz, não só pelo prazer do próprio ato, mas,
também, por poder colocar no papel situações que sempre me afligiram, como é o
caso da pedofilia. Quem me vai conhecendo literariamente, sabe que esse é um
tema que muitas vezes abordo. E com esses, muitos mais virão porque eu
encontrei na escrita um exorcismo para todas as frustrações que vou sentindo ao
longo do meu percurso acadêmico – e mais tarde profissional – no mundo do
Direito. Há quem escreva para respirar. Eu escrevo para me limpar.
MdF: Deixe
dicas de leitura, pode ter ligação com o assunto do livro e outros que achar
importante indicar para seus leitores.
VSF: Quando me perguntam qual o meu livro favorito, eu
digo que tenho um top 5 (que irá crescer ao longo dos anos). São livros que me
fizeram odiar/amar personagens, que me soltaram valentes gargalhadas e lágrimas
e que me transportaram para outro mundo. Tudo na mesma leitura. Lolita, de Vladimir Nabokov é, sem qualquer
dúvida, o cabeça da lista. Nabokov conseguiu, dentro da mesma obra, escrever um
romance, um policial noir e um livro
de viagens. Somos transportados de gênero em gênero com uma subtileza tão bem
escrita que nem damos por essas mudanças. Recentemente, li A Sombra do Vento, de Carlos Ruiz Zafón, um livro tão rico em
narrativa, detalhes, exploração de sentimentos e com as personagens mais
incríveis que já vi – acreditem, vão adorar o personagem Fermín. José Saramago
em Ensaio Sobre a Cegueira chocou-me
com a crueza das cenas, com a magistralidade da ideia e com críticas sociais
que raramente pensamos porque vivemos demasiado concentrados no nosso próprio
umbigo. Apaixonei-me pelo O Carteiro de
Pablo Neruda, de Antonio Skármeta, por ser, talvez, o livro mais doce – e
repare-se que doce não significa light
– que alguma vez li, com passagens narrativas dignas de serem passadas para um
caderno, lidas vezes sem conta e decoradas. É um livro que me faz suspirar. E,
finalmente, em Como Água Para Chocolate,
de Laura Esquivel, mergulhamos no surrealismo latino-americano que, na minha
opinião, é das literaturas mais apaixonantes, envolventes e ricas em descrições
de texturas, cheiros, paladares e emoções.
Sobre a autora
Valentina
Silva Ferreira nasceu em 1988, na Ilha da Madeira. Concluiu a
licenciatura em Direito em 2010 e faz Mestrado em Ciências
Jurídico-Criminais. É uma das autoras selecionadas das seguintes
antologias: Cursed City; Série VII Demônios - Gula, Série VII Demônios - Inveja; Lugares Distantes; Jogos Criminais II.
É colaboradora da revista on-line Magazon e da revista impressa JA
(Associação Acadêmica da Universidade da Madeira). Escreve no blog http://paraisobiblioteca.blogs.sapo.pt/
Serviço:
Distúrbio será lançado dia 10 de Dezembro de 2011
Às 18h30min
No Pier 1327, Joaquim Távora, 1327 - Vila Mariana - São Paulo/SP
Informações: (11) 5539-6213
Livraria Estronho
No Pier 1327, Joaquim Távora, 1327 - Vila Mariana - São Paulo/SP
Informações: (11) 5539-6213
Livraria Estronho
Obrigada, Celly. Fico muito, muito contente que tenha gostado do livro :)
ResponderExcluirBeijos,
Valentina.
Gostei muito, mocinha, é uma triste realidade, que poucos têm coragem de contar, parabéns pelo belo trabalho, e obrigada por confiar em nós =)
ResponderExcluirEsse livro parece ser muito bom mesmo!
ResponderExcluirDesde o desenho da capa, a fonte do título e a trama da história.
Deve valer muito a pena xD
Muito legal o que a Valentina disse, que escrever é o que a deixa feliz!
Lolita é um livro excelente, Nabokov criou uma das tramas mais complexas que já li.
muito bom mesmo!
grande abraço!
Pedro Almada
@Pedro_Almada
http://inspirados-oandarilhodotempo.blogspot.com/
Pedro, cada minuto de leitura valeu, o português de Portugal é mais culto, dá ainda mais prazer na leitura... e a forma como a Valentina escreve é incrível, ela sabe bem prender o leitor até a última página. =)
ResponderExcluirEstou ansioso por ter esse livro... A Valentina é certamente uma grande escritora. Não há argumentação contraditória possível, as palavras falam por si.
ResponderExcluirTerá de certo um futuro brilhante, o trabalho exemplar demonstrado, toda a qualidade e a forma de escrever... Óbvio como aqui já foi dito, o leitor ficará "preso" ó livro.
Parabéns Valentina.