27 de abr. de 2010

Resenha: Histórias que nos sangram - Geraldo de Fraga

Geraldo de Fraga (1979) usou como base lendas do Recife para escrever os sete contos que compõem o volume Histórias que nos sangram. Diz no prefácio de Roberto Beltrão que “(...) no Brasil, a literatura fantástica é – infelizmente! – considerada um gênero menor”, mas é visível que seu espaço está crescendo, assim como sua valorização e cada vez mais me deparo com bons escritores de LitFan.

Conheça um pouco dos contos que se destacam nesta obra:

Quem ama não tem coração – Ano 1711
“Um cheiro podre infestava o ar, carregado pelo vento forte que anunciava a tempestade se aproximando”.
Piratas desembarcam na praia, no navio, deixam algo estranho, uma criatura, exatamente a que Fernando queria quando contratou aqueles homens. Aquele ser fora responsável pela morte de seis homens somente naquele navio, e era responsável por muitas outras desgraças. São reações que o amor causa boas ou más, mas quem ama de verdade precisa sacrificar alguma coisa, às vezes o próprio coração.

Onde as almas esperam sua vez – 1840
“O vigário tirou uma flor do bolso da batina. Um pequeno cravo murcho e se desmanchando”.
As crianças enxergam muito mais do que os adultos, porque estes não se permitem ver além do dito real. E neste conto os amigos do menino Assis moravam na praça, ao menos era o que ele dizia, mas ninguém nunca os viu, o que gerou desconfiança na mãe. Eram pessoas que ninguém via e que, ainda assim, avisaram à criança sobre a volta do “bicho”, e a maldade causa por ele. Logo se percebe quem e o que ele fez, mas já é tarde para fazer algo.

Eu levo comigo apenas o que mereço – 1873
Josias encontrou um mapa e convidou o amigo para procurar o tesouro que ele apontava. O local era uma casa, mas o que de fato continha aquele lugar, eles iriam descobrir tarde demais. Casas mal-assombradas dão sempre histórias muito interessantes, claro, se o escritor souber conduzir, este conto causa medo e expectativa, exatamente o que se espera de um conto de LitFan.
“As sombra, os vultos, me perseguiam de perto. Falando coisas em meus ouvidos. Palavras geladas, vozes mortas”.

Fome – 1914
“Então a menina começou a chorar desesperada e por mais que Esmeralda gritasse, ela não falava mais nada. Sua patroa então lhe deu um tapa, que a derrubou no chão. Esmeralda saiu do quarto às pressas em busca do marido”.
Esse é o conto de maior destaque. Esmeralda, grávida, cuida de seu marido doente. Este exige sempre presença do criado Osvaldo quando precisa se alimentar. A mulher começa a desconfiar e ficar preocupada depois que um empregado acaba por falar demais e como sempre, há o curioso que busca respostas, principalmente o porquê de o criado andar sempre com um saco, sem que ela saiba de seu conteúdo.
“A mulher correu em sua direção aos gritos. ‘Ele roubou meu filho. Meu menino’”.

Alguns contos permitem que o leitor reflita, pois não entregam a história com final certo e pronto, causam medo, repulsa, mas não chegam a ser terror. É uma leitura gostosa, e há histórias que deixam saudade.

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Editora: Multifoco
ISBN: 9788560620661
Ano: 2010
Páginas: 112
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10 comentários:

  1. Parece bom, antes eu não era muito de livros de contos, mas tenho lido alguns de Literatura Fantástica ultimamente que gostei muito.

    Curti o nome ... História que nos sangram.

    Bjus

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  2. Oi...

    Vou deixar o link do livro no site da editora:

    http://www.editoramultifoco.com.br/catalogo2.asp?lv=122

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  3. Esse livro parece ser bem interessante, eu adoro contos do genero fantástico!

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  4. Geraldo, já add o link. =)

    Cláudia e Deze, leiam, é bem bom!!!

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  5. Cada conto desses bem que poderiam virar uns curtas bacanas, todos tem seus finais brutos e intrigantes.

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  6. Bom, eu sou suspeito para falar pois sou amigo de Geraldo há algum tempo e já tinha lido muita coisa escrita por ele. Parbéns, Gera.
    E uma observação: já vi comentários de Júlio César Carvalho no site Omelete. Procede?
    Um abraço a todos.

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  7. Ah! Me desculpem. Primeiro, onde está escrito Parbéns, leia-se Parabéns. Segundo, me chamo Mauro.

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