
Toda a história é narrada alguns
anos depois de seu acontecimento, pela visão daquela que a avó explodiu um
pouco antes do Natal. Pia Kolvenbach estava na festa de
Karneval quando
todos de
repente começaram a procurar por Katharina Linden, Pia, no entanto, não tinha a
mesma visão que os adultos, pensava que seria estranho aceitar a versão deles
de que a menina teria sido levada por alguém – na verdade os pais de Pia lhe
disseram que Katharina provavelmente dormiu na casa de alguma amiguinha e esqueceu
de avisar, claro que ela não acreditou nesse absurdo –, mas como ter sido levada em meio a toda uma
cidade de conhecidos? E Katharina Linden não foi a única desaparecida.
Em busca da solução para o
sumiço de cada vez mais meninas, Pia e Stefan começam a procurar o culpado
através das histórias de seu amigo Herr –
senhor em alemão – Schiller, que
acredita nas crianças e tenta ajudá-las, apesar de estar limitado pelos seus
oitenta anos.
“Infelizmente, quando você ficar mais velho, vai descobrir que algumas situações
são ruins assim” – Herr Schiller pareceu triste.
Num primeiro momento talvez a
questão de Pia e seu amigo, Stefan Fedido, terem apenas dez anos, serem bastante
inteligentes – não que crianças dessa idade não o sejam –, e seus conhecimentos
irem muito além do que os de meninos e meninas reais da mesma idade, atrapalhe,
mas deve-se lembrar que a história é narrada depois de Pia estar crescida então
seu vocabulário não tem necessidade de acompanhar o de uma garota da idade em
que se passa a narrativa.
Além dos sumiços infelizmente comuns
de crianças – Katharina Linden é apenas mais uma –, a realidade outra vez se
mostra na ficção quando os pais de Pia travam uma batalha toda vez que precisam
conversar sobre qualquer assunto, as discussões são sempre fortes e altas, principalmente
para crianças, e a menina sente essa distância entre eles. Sua mãe é inglesa e
detesta a Alemanha e sempre que possível deixa sua opinião bem clara para
todos. O casal então decide por se separar, levar os filhos para uma cidade
desconhecida e nada agradável, na visão de Pia, seria o melhor, mas para quem
exatamente?
“Simplesmente observei minha mãe retorcer as mãos e sorrir com
nervosismo. Senti-me gelada, como se ela fosse uma total estranha oferecendo-me
falsidades, falsidades concebidas para machucar”.
Livros com termos em outro
idioma – no caso alemão – me fazem sair da história cada vez que tenho de
consultar o vocabulário, principalmente quando se encontra no final da obra – a
curiosidade é sempre maior do que simplesmente deixar passar. Não acho que seja
interessante quando não se faz necessário à história, como é o caso.
Pia vê-se limitada pelos
cuidados da mãe, enquanto o amigo Stefan tem toda a liberdade de ir e vir, mas
isso não os afasta de sua grande missão, ela dá um jeito e acaba por acompanhar
o amigo, mesmo com o pensamento em uma Inglaterra que não lhe agrada. Mas
desvendar todos os desaparecimento é muito mais importante do que pensar em si
mesma, mesmo para uma criança.
A autora, Helen Grant, nasceu
em Londres em 1964, morou em Bad Münstereifel, na Alemanha – onde se passa a
história –, e se inspirou em lendas locais para escrever seu primeiro e ótimo
romance e assim como o livro “
Contos de Terror do Tio Montague” de Chris Priestley, Editora Rocco, 2008 (leia a resenha), “O Desaparecimento de Katharina Linden” Editora
Bertrand Brasil, 2011, não desmerece o leitor juvenil, a história aguça a
curiosidade com toques de suspense e terror, também os dois livros se parecem
em outro aspecto, em cada um há um velhinho que gosta de contar histórias de
assustar que aconteceram em suas vidas ou na cidade.
“Era um daqueles raros indivíduos que não tratavam as crianças como se
elas fossem totais incapazez”.
Dois livros bastante indicados
para jovens que não têm medo e gostam de desafiar o desconhecido em busca de
aventuras.
Tradução de: Flávia Carneiro Anderson
ISBN: 9788528615098
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