2 de ago. de 2011

Resenha: A Ira dos Dragões e outros contos – Estus Daheri

 "Grendir é uma praga – continuou Defth. – Algo que tem um único propósito. Destruir. Pergunto-me o que será dele quando o inverno passar?”

É interessante começar explicando as belíssimas ilustrações, ou como se deu o surgimento dos oito contos que compõem o livro A Ira dos Dragões e outros contos. Thiago Tizzot, admirador de Tolkien, é autor e editor da Arte e Letra e escreve sob o pseudônimo Estus Daheri, se encantou pelos desenhos de John Howe e lhe escreveu a fim de elogiar e propor que seu trabalho fosse publicado no Brasil, depois de algumas trocas de e-mails, acabaram por acordar que Thiago, autor de Fantasia, se baseasse em algumas ilustrações e criasse os contos, e assim se deu. Para quem ainda não ligou o nome à pessoa, Howe é um dos mais importantes ilustradores da obra de J. R. R. Tolkien, autor de, entre outros livros, a trilogia O Senhor dos Anéis. Também transportou para as telas os personagens que compõem esta e outras obras como As Crônicas de Nárnia. Assim se deu um livro não apenas visualmente belo.

Todas as histórias de A Ira dos Dragões se passam no mundo criado por Thiago, Breasal – podemos acompanhar as viagens dos personagens através do mapa na última página do livro. Alguns contos e suas imagens (clique nelas para aumentá-las) que compõem a obra:

Em Viagem a Peneme o leitor acompanha a história do gnomo Dunk ao encontrar o humano Vostak que lhe pede ajuda com seus galadrins, embarcação sustentada por um enorme balão, nele viajariam para Peneme, a ilha misteriosa com suas estranhas histórias, não há relatos sobre a geografia do local, por isso é ainda mais difícil se aventurar por seus caminhos. Precisam ir até o Mosteiro de Nafgun.

“Intocáveis relatos falavam de viajantes que rumaram para lá e desapareceram, nunca mais foram vistos. Sua mente foi tomada pelos perigos que aquele nome desencadeava e o orgulho que seu pai tinha em dizer que fora e votara daquela ilha maldita com as galadrins intactas”.

Em Bestas de Wyen o leitor encontra o autor, Estus aparece com seu cachimbo numa conversa com Raw, que lhe conta a história dos seres que dão título ao conto, quando piratas assassinos atacavam os moradores do local,

“Há muito os piratas estavam conscientes de que naquela região não encontravam resistência”.

mas não contavam com o surgimento das bestas. Uma história com desenrolar incrível.

“Ele acreditava que matando o pirata, ele mataria a dor. O que Vortha não sabia é que a dor é algo que não se pode matar”.

Por motivos distintos, em O Ladrão e o Menestrel, Ligen, um gnomo, e Petar, um lumpa, estão na mesma cela escura e úmida. O gnomo por ter sido pego roubando uma pintura, o lumpa por ter feito mau uso das palavras. Na verdade não foi um simples quadro, ele possui um mapa oculto na pintura, que segundo a lenda conduz a um grande tesouro.

Ligen era um “colecionador de objetos alheios, como gostava de chamar sua ocupação”.

No conto Viagem a Peneme, Raw descreve vagamente sobre os riscos que cercam a ilha. Em Qenari o leitor é trasportado novamente à ilha e descobre, enfim, um pouco de sua geografia, encontra seres perigosos, descobre também quem realmente deve temer.

“Porém não existem dúvidas de que os mais vis e terríveis seres são os próprios monges. Mercenários do saber, vendem seu conhecimento em troca de ouro, artefatos, pedras preciosas e até pessoas”.

No Mosteiro de Nafgul há dois portões um onde o visitante coloca sua pergunta, sem esquecer-se da habilidade dos monges em aproveitar de algum deslize, uma falha contida neste pedido – a carta deve ser assinada com o próprio sangue. Há uma cobrança pela tão aguardada resposta; devolvem o papel escrito com o que desejam.

“Pode ser um artefato, uma página de um antigo livro, um animal, qualquer coisa que eles julguem ser interessante para eles. O problema é que de alguma forma você passa a ser vigiado, se percebem que você desistiu da busca, uma bela manhã sua garganta pode ‘surgir’ cortada”.

O grupo Pena Prateada precisa de respostas, são seres sábios, então conhecendo a fama dos monges, desta vez seriam eles a estar no comando.

No conto que dá título ao livro, Stenig segue com um segredo até o deserto de Tatekoplan, se infiltra entre os prisioneiros no acampamento. Antes de colocar seus planos em ação, Stenig estudou o local, porém se permanecesse mais tempo naquela vida, a alimentação, o cansaço, o teriam debilitado.

“Sobre as areias brancas do deserto de Tatekoplan os prisioneiros trabalham pesado com as pás. Os guardas vigiando atentamente e um movimento em falso era o suficiente para usarem seus chicotes”.

Acompanhar os contos com as imagens e o mapa deixa tudo ainda mais rico, acrescenta e muito! Apenas senti falta de algumas explicações tanto sobre os personagens quanto o desenrolar das histórias que bem poderiam ser novelas (narrativas um pouco mais longas que contos e mais curtas que romances) para maior desenvolvimento das ideias. Mas para aquele que como eu sentir esta necessidade de permanecer em Breasal, pode acompanhar outras aventuras no romance O Segredo da Guerra, em que há mapa e glossário sobre os personagens e termos importantes.

A Ira dos Dragões e outros contos é um livro encantador, daqueles que a capa, a diagramação, são convites ainda mais tentadores – afinal, essa é praticamente a forma de primeiro contato com a obra. Indicado para leitores de fantasia.

*****
Editora: Arte e Letra
ISBN: 9788560499199
Ano: 2009
Páginas: 210
No Skoob
*****

Conheça mais o trabalho de John Howe http://www.john-howe.com/

 


11 comentários:

  1. *.* Fantasia à la "O Senhor dos Anéis" + ilustrações = perfeição! Esse já foi para minha lista!

    ResponderExcluir
  2. Cellyta, adorei a resenha, com certeza, quero ler.

    ResponderExcluir
  3. gostei do visual mas ele não é muito curto? apenas 210 páginas sou novo em leitura mas acho que é pouca historia :c

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Não é curto para 8 contos.
      Mas você pode ler o livro de contos e também "O segredo da guerra", que se passa no mesmo mundo e é um romance. ^.^

      Excluir
  4. são 210 páginas por cada conto ou 210 páginas todos os contos?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Total, o livro contém 210 páginas. Contos são histórias curtas.

      Excluir
  5. Amei a resenha, estou muito curiosa sobre os contos - e sobre as ilustrações! Beijos.

    ResponderExcluir

Obrigada por dividir sua opinião. Ela é muito importante para o crescimento do blog e de seus leitores.