Histórias que citam livros me encantam, me fazem viajar e
querer ler mais e mais, tanto a própria obra quanto as citadas. E 2083 (Editora Biruta, 112 páginas, R$32) mencionou
alguns títulos clássicos, como David
Copperfield, de Charles Dickens, Dom
Quixote, de Miguel de Cervantes e outros.
2083 é narrado por
David, um menino de 16 anos, que descobre
ou redescobre os livros e se encanta por eles. O autor Vicente Muñoz Puelles
(1948), viajou para o futuro e criou uma história em que os livros teriam
desaparecido, ou melhor, em 2050 eles teriam simplesmente acabado, claro que esse
processo vinha de anos, as pessoas não liam mais, não tinham nenhum interesse
em livros, então foram se desfazendo dos títulos até que restaram poucos.
“Se os livros eram tão emocionantes, por que haviam sido proibidos?– Eles não foram proibidos porque não foi necessário. Simplesmente, as pessoas deixaram de ler livros”.
As antigas
páginas da internet (agora chamada de Cosmonet)
haviam caducado, por isso muitos títulos não eram mais encontrados, alguns foram
digitalizados, assim na época em que se passa o romance os poucos
interessados podiam viajar através das histórias. Isso mesmo, através de um local
chamado Bibliotravel era colocado um
sensor no viajante e ele era transportado para dentro do livro, vivendo todas
as aventuras através dos olhos de um dos personagens, inclusive poderia mudar o
rumo da história, mas a real, que estava no livro, não seria afetada.
David descobre que seu bisavô escreveu um livro, mas Pa,
como chama seu pai, não o permite ler o único exemplar que há em casa, pois
está fechado em uma caixa a fim de evitar a ação do tempo. O menino, curioso, mexe
onde não deve, e precisa recuperar ou ao menos conseguir uma cópia de A ilha dos livros perdidos para repor. Enquanto isso passa por diversas histórias na
Bibliotravel, inclusive uma de amor.
O único amigo de David, Marc, se mudou para os Estados
Unidos, e pouco se importava com David, que às vezes queria contar sobre suas
descobertas, mas o outro não deixava e falava e falava de si, ele era mais um dos que não se importavam, nem com livros, nem com o amigo.
Hoje o futuro do livro é muito discutido, mas fica quase
somente na questão do livro físico e eletrônico, raramente se vê o debate do
fim pela não leitura. E 2083 fala
dessa parte. Atualmente não se lê como antes, praticamente porque não há tempo,
o desinteresse também se faz presente. A TV cuida do entretenimento efêmero,
que é basicamente a busca hoje. Até mesmo programas que falam de livros são
raros, não há público.
Ler virou símbolo de status
e não necessidade de conhecimento e diversão, quem lê às vezes é tido como metido
a culto, e infeliz. Eu mesma já passei por vários olhares de um tipo de censura
ou uma quase compaixão. Quando as pessoas me viam com uma obra diziam “você gosta
de ler, isso é tão bom”, os olhares transmitiam pena e continuavam, “é muito
bom ler, eu não tenho tempo”, só faltava a batidinha na cabeça como quem diz “pobrinha, não tem amigos”, e isso é real, aconteceu bastante!
2083 é um livro
juvenil rápido e gostoso de ler. Recomendado para quem gosta de histórias que
falem de livros e não quer que esse futuro se torne real.
“Um livro é realmente como um sonho, onde tudo pode ocorrer”.
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Editora: Editora BirutaISBN: 9788578480431
Ano: 2010
Páginas: 112
Tradutor: Sandra Nunes e America Marinho
Skoob | Editora Biruta | Leia a Sinopse
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Dez mil – autobiografia de um livro – Andrea KerbakerFahrenheit 451 – Ray Bradbury
Sobre o autor
Vicente Muñoz Puelles nasceu em Valência, em 1948. É autor de diversos romances, narrativas eróticas, romances históricos, biografias, livros de contos e livros infantis. É considerado pela crítica literária como um dos mais importantes escritores na língua castelhana do nosso tempo. Recebeu diversas premiações, suas novelas e romances já foram traduzidos para o mundo todo. Além de textos para adultos, escreve para crianças e jovens e publica artigos e crônicas em diversos jornais e revistas da Espanha. Em 1999 obteve o Prêmio Nacional de Literatura Infantojuvenil, outorgado pelo Ministério de Educação e Cultura da Espanha. Em 2004 foi o vencedor do Prêmio Anaya Infantil e recebeu a indicação White Ravens para constituir o catálogo da Biblioteca de Munique, Alemanha. Em 2007 foi vencedor do Prêmio Minotauro – Prêmio Internacional de Ficção Científica e Literatura Fantástica.
Este livro estava na meu desejados no skoob faz tempo e agora minha vontade de ler aumentou bastante.
ResponderExcluirRi muito do último paragrafo, mas é verdade. As pessoas ignoram o livro, mal sabe elas que o entreterimento que assistem foi escrito e lido por atores, diretores, etc...
Que legal poder viajar para dentro da história de um livro, se isso fosse possível hoje...
É triste, não é pra rir rsrsrs
ExcluirQue sirva de reflexão, espero que não chegue a esse ponto. Se chegar, será triste e serei uma contraventora literária, rs. Mas não deixarei de ler, enquanto tiver vistas, ou ouvido para audiolivros (embora isso só em caso de extrema necessidade, rsss...)!
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