Conversando com a autora e
blogueira do À LitFan, Tânia Souza,
sobre nossas leituras do momento, falei de A Garota que Podia Voar, de Victoria
Forester (Ciranda de Letras, 266 páginas), e ela logo lembrou de outro livro que
trazia o mesmo tema, Menino de Asas, de Homero Homem (Editora
Ática, 80 páginas). Acabou que a Tânia me enviou de presente e terminei primeiro a
sua leitura, e foi bem agradável.
As histórias têm certa semelhança, realmente, assim como outra que li essa semana, O Menino Alquimista, de Juarez Nogueira
(Gulliver Editora, 208 páginas), que cita a questão das crianças perderem as
asas. É curioso ver como três livros que estou lendo ao mesmo tempo se
interligam, na verdade quase sem querer, pois dois deles li sem intenção disso,
já Menino de Asas foi uma indicação
que deu certo, apesar de ser bem mais simples do que os outros.
Esse é um livro que compõe
a clássica Coleção Vaga-Lume, tão recomendada nas escolas. Fala de como a sociedade
é cruel, que até mesmo arranca as crianças de seus sonhos e as obriga a viver – ou sobreviver
– da forma triste que a maioria dos adultos aceita, com ou sem culpa.
Menino de Asas, como é
conhecido, nasceu assim, com asas no lugar dos braços e mãos. Ele pode voar
pelos campos, mas logo aprende sobre a maldade humana quando, voando com seus
amigos pássaros, é atingido por caçadores.
Chega a hora de ir à escola,
lá é aceito pelos meninos e meninas, pois eles ainda não são tão limitados, e descobre a amizade. As outras crianças
desejam tanto ter asas que isso se torna um problema e acabam se machucando em tentativas de voos frustrados,
por isso os pais exigem a sua saída. O professor, pobre e sem opção, não tem
como negar. Então vai à casa do Menino e propõe aos pais que cortem as asas da
criança.
– Cortar as asas de meu filho, milagre de Deus? – protestou a mãe. – As lindas asas de meu filho? Nunca!
Homero Homem (1921 - 1991) faz uma analogia com o que nos
fazemos, que é impor um padrão. Todos os dias muitos estão preocupados, por
exemplo, em emagrecer a fim de ter o corpo perfeito, ao invés de pensar na
saúde. A estética tomou o lugar da ética, do caráter, isso não importa, é segunda
opção. Quem não segue esse arquétipo, não é valorizado, muitas vezes nem por
quem deveria, ou seja, pela própria pessoa, imagina pelos demais?
Em certa parte Menino de Asas se
mostra vencido pela hipocrisia imposta e aceitada e recorre ao extremo. Precisa
se adaptar e resolve acabar com aquilo que faz bem e mal, que o diferencia da
população resignada. Entretanto, sempre se lembra das palavras de sua mãe.
É uma bela história com moral,
escrito há mais de 30 anos e se faz mais forte hoje.
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Edição: 23
Editora: Ática
ISBN: 8508018975
Ano: 1983
Páginas: 80
Skoob
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Li mto a série Vagalume, mas não lembro de qse nada do que li xD Devo ter lido esse tb... eu tenho vontade de comprar essa série e deixar aq em casa para passar para meus filhos. Ela me ajudou bastante no inicio da leitura.
ResponderExcluirEsse negócio de padrão me dá desânimo. Há um padrão para tudo, padrão para seu corpo, roupas e até gostos. Eu com certeza n estou dentro desses padrões, mas... who cares?
=**
Li pouco e fico triste com isso. =/
ExcluirAcho que deve ser muito legal ter os livros e incentivar os filhos a ler através deles. São histórias muito legais, simples e que fazem a criança - e o adulto - sonhar.
Padrões são ruins, mesmo... sigo poucos =P
bjos